OS IMPACTOS AMBIENTAIS INFLUENCIAM NO SURGIMENTO DE DOENÇAS COMO O CORONAVÍRUS?
Atualizado: 3 de abr. de 2020
Há uma estreita relação entre os impactos ambientais e o surgimento de doenças.

Aqui vai uma analogia. Sabe quando você deixa um saco de lixo num local, por muito tempo e, quando vai ver, ele está cheio de larvas? Então, isso é justamente o que está acontecendo com o planeta Terra. Desmata-se as florestas, represa-se os rios, polui-se as águas e os solos, caça-se de forma predatória, joga-se veneno, enfumaça-se os ares, tudo isso tem contribuído para o desequilíbrio ecológico dos habitats e, com os ambientes degradados, as bactérias e os vírus dominam o local, assim como as larvas no saco de lixo; essas bactérias ou vírus contaminam os animais, tornando-os potenciais vetores das doenças, contaminando também os humanos.
O declínio dos ecossistemas e o desequilíbrio ecológico afetam diretamente o fornecimento de água, alimento e ar limpo, é uma forma de degradação silenciosa e por isso as pessoas tendem a achar que nada está acontecendo. Os mesmos fatores que causam a degradação ambiental prejudicam a saúde humana, pois os ecossistemas empobrecidos e o rompimento com a cadeia alimentar são ambientes favoráveis à proliferação de hospedeiros ou vetores de doenças.
Aqui vão dois exemplos reais. O primeiro deles aconteceu lá no final do século XVIII, com a Primeira Revolução Industrial que surgiu na Inglaterra. A crescente urbanização, sem planejamento, sem condições sanitárias mínimas e a desigualdade social, fez-se disseminar na Europa a tuberculose. Naquela época, desmatou-se vastas florestas para a produção de carvão e movimentação das fábricas, o que gerou um ambiente degradado e, associado à poluição do ar provocada também pelas fábricas, resultou numa doença respiratória altamente contagiosa e letal.

O segundo exemplo, mais recente, aconteceu em 2015, no Brasil, pleno século XXI: o rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais. Após o rompimento, identificou-se um número crescente de casos de febre amarela entre a população da região e próxima ao rio Doce. O rompimento provocou uma mudança drástica no ambiente, incluindo falta de alimento, estresse dos animais em relação ao desastre e água poluída. Isso contribui para a fragilidade e susceptibilidade dos animais às doenças, conforme afirma a bióloga da Fiocruz Márcia Chame, em entrevista ao jornal Estadão. Além dos casos da doença na população da região, houve também notificações de mortes de macacos.

Para fazer uma relação entre os impactos ambientais na China e o Coronavírus (COVID-19), basta lembrar que a mesma é um país altamente urbanizado, onde sua taxa de urbanização (taxa de crescimento das cidades) já ultrapassou os 60% e, consequentemente, reduziu-se as áreas naturais. Atrelado a isso, a China é a segunda maior economia e o país mais populoso do mundo. Esses dois fatores interferem diretamente na qualidade do ar das cidades, afinal, a quantidade de indústrias aumenta a poluição do ar, ao mesmo tempo que a quantidade de pessoas e, automaticamente, de automóveis também são responsáveis por esse tipo de poluição.
Um outro fator que pode ser somado à degradação ambiental na China, trata-se da introdução de espécies exóticas, ou espécies que não são naturais do país, numa tentativa de diversificar sua produção e economia. Essas espécies enfraquecem o ecossistema local e prejudicam as espécies nativas, gerando impactos econômicos e sociais. Ainda pode-se adicionar como impacto ambiental no país de origem do Coronavírus as feiras de animais silvestres sem condição sanitária ideal, os quais são caçados predatoriamente para consumo. Esses animais muitas vezes já possuem vírus hospedeiros e, ao serem consumidos, transmite-se aos humanos.
Em resumo, a falta de florestas e ambientes ecologicamente equilibrados, faz com que os animais e os vetores de doenças se aproximem cada vez mais dos humanos, aumentando o risco de transmissão, visto que seus habitats naturais não existem ou encontram-se degradados. Em outras palavras, antes as doenças ficavam nas florestas, agora estão nas cidades. Assim, é preciso desenvolver mudanças na forma de produção e consumo, fazendo uso de padrões mais sustentáveis e equitativos. É momento de pensar a sofisticação das tecnologias voltadas não só para o desenvolvimento econômico, como também para o desenvolvimento social, proteção ambiental e cuidado com o planeta. Assista ao vídeo!
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Escrito por: Fernanda Borges (currículo Lattes).